quinta-feira, 29 de julho de 2010

Água - bem precioso... salve nosso Planeta!

O QUE É ÁGUA:

A água é formada de dois átomos de hidrogênio (H2) e um átomo de oxigênio (O), formando assim, a molécula H2O.

Mas não se pode esquecer que há dois tipos de água, a Salgada e a Doce. A salgada ocupa 99% no total destas, sendo que a doce ocupa só 1% do espaço aquático no planeta Terra, sendo também que, apenas 0,23% deste total (estimativa).

O maior problema nisso tudo é que a maioria dos seres vivos necessita de água doce para sua sobrevivência e esta está ficando cada vez em menor quantidade, sendo assim, se ninguém cuidar, a vida poderá se acabar, ou pelo menos diminuir.

PRINCIPAIS PROPRIEDADES:

O Corpo Humano: Somos 70% Líquido

A maioria dos pesquisadores concorda que a ingestão de água pura é um dos mais importantes fatores para a conservação da saúde, prevenção das doenças e proteção do organismo contra o envelhecimento. Não é para menos: cerca de 10 milhões de pessoas morrem anualmente de doenças transmitidas pela água.

IMPORTÂNCIA DA ÁGUA EM NOSSA VIDA:

A Água no Corpo Humano

Cerca de 70 % do corpo humano é formado por água. Perdemos por dia em condições normais:

Respiração (durante a expiração) - 0,4 litro

Urina - 1,2 litro

Transpiração - 0,6 litro

Evacuação - 0,1 a 0,3 litros

TOTAL (aproximadamente) - 2,5 litros

- Quanta água precisa repor por dia:

Bebendo água - 1,5 litros. Ingerindo alimentos - 1,0 litro

A ÁGUA NO BRASIL:

Temos no Brasil alguns dos maiores recordes encontrados no Planeta Água: maior rio do Mundo (Rio Amazonas com 7.025 km de extensão), Quedas de água com os maiores fluxos de água do Planeta (Guaíra com 13.301.000 m3 por segundo de água - hoje encoberta sob o lago de Itaipu, Queda de Paulo Afonso no Rio São Francisco com 2.830.000 m3 por segundo, Urubupungá no Rio Paraná com 2.745.000 m3 por segundo). Temos ainda um dos maiores lagos do planeta, a Lagoa dos Patos com 10.1444 Km2 de área e com uma profundidade de 6,75 m.

Porém temos sérios problemas de gerenciamento destes recursos com índices de saneamento básico encontrados apenas em países do continente Africano:

O IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística realizaram uma pesquisa entre 1989 e 1990 em 4.425 cidades e alerta: o precário saneamento básico é responsável por 80 % das doenças que afetam a população e 65 % das internações hospitalares de crianças. - 1,15 % dos Municípios tratavam o esgoto em 1990, hoje este índice chega em 10 %.

- 30 milhões de habitantes dos 150 milhões do Brasil não recebem água tratada.

- 92 % do esgoto produzido no país é lançado nos rios e no mar sem qualquer tratamento.

- Os rios são responsáveis por 51 % do consumo de água no país.

- No Brasil todos os dias são lançados 10 Bilhões de litros de esgoto nos rios e no mar.

No Estado de SP o consumo é de 354 mil litros por segundo, o mesmo consumo de uma família de quatro pessoas durante um ano e meio. 55,68 % é gasto em irrigação de lavouras, 21,60 % nas Indústrias e 22,72 % no consumo doméstico urbano.

A maior região metropolitana do país, a de São Paulo abrange 38 municípios com 17 milhões de habitantes, produzindo 12 mil toneladas de lixo por dia sendo que 95 % é enterrado em aterros sanitários contaminando córregos e os lençóis freáticos de água.

A cidade de São Paulo com 9,5 milhões de habitantes consome 210 milhões de litros de água por hora, o equivalente a 116 piscinas olímpicas. 60 % dessa água é captado a mais de 80 km de distância da capital. No final todo o esgoto (1.100 toneladas por dia) acaba no Rio Tietê. O atual projeto para despoluir o Rio Tietê está custando 900.000.000 de dólares, sendo a maior Estação de Tratamento de Esgoto de São Paulo, a de Barueri ocupa uma área de 20 ha ou 25 campos de futebol. Existe ainda um déficit, ou seja, uma falta no sistema de abastecimento de 2,5 mil litros/segundo, deixando muitas pessoas no chamado rodízio de água.
A ÁGUA NO MUNDO:

- Quantidade de água existente no Planeta Terra: 1,6 bilhões de Km3

- 1.350.000.000 Km3 de água salgada

- 29.000.000 Km3 de água doce congelada nas geleiras e calotas

- 8.600.000 Km3 de água doce nos continentes e sob eles

- 13.000 Km3 na forma de vapor de água na atmosfera

Divisão da Água no Mundo Quantidade em trilhões de toneladas
- 97,3 % é salgada e está nos mares e oceanos. 1.235.000
- Apenas 3 % é água doce e está dividida em: 41.000
- 75 % congelada nas calotas polares e geleiras. 30.750
- 13,785 % no subsolo entre 3.750 m e 750 m (lençóis profundos). 5.652
- 10,79 % no subsolo acima de 750 m. (lençóis superficiais). 4.424
- 0,3 % em lagos e lagoas. 123
- 0,03 % nos rios. 12
- 0,06 % na umidade do solo. 25
- 0,035 % na atmosfera na forma de vapor d’água. 14
O CICLO HIDROLÓGICO:
Devido às diferentes e particulares condições climáticas presentes em nosso planeta a água pode ser encontrada, na natureza, em seus vários estados: sólido, líquido e gasoso.

Chamamos de ciclo hidrológico, ou ciclo da água, à constante mudança de estado da água na natureza.
A existência da água em vários estados permite a existência da erosão da superfície terrestre. Não fossem as forças tectônicas, que agem no sentido de criar montanhas, hoje a Terra seria um planeta uniformemente recoberto por uma camada de 3 km de água salgada.

Em seu incessante movimento na atmosfera e nas camadas mais superficiais da crosta, a água pode percorrer desde o mais simples até o mais complexo dos caminhos.

Quando uma chuva cai, uma parte da água se infiltra através dos espaços que encontra no solo e nas rochas. Pela ação da força da gravidade esta água vai se infiltrando até não encontrar mais espaços, começando então a se movimentar horizontalmente em direção às áreas de baixa pressão.

A única força que se opõe a este movimento é a força de adesão das moléculas d'água às superfícies dos grãos ou das rochas por onde penetra.

A água da chuva que não se infiltra, escorre sobre a superfície em direção às áreas mais baixas, indo alimentar os riachos, rios, mares, oceanos e lagos.

Em regiões suficientemente frias, como nas grandes altitudes e calotas polares, esta água pode se acumular na forma de gelo, onde poderá ficar imobilizada por milhões de anos.

O caminho subterrâneo das águas é o mais lento de todos. A água de uma chuva que não se infiltrou levará poucos dias para percorrer muitos e muitos quilômetros. Já a água subterrânea poderá levar dias para percorrer poucos metros. Havendo oportunidade esta água poderá voltar à superfície através das fontes indo se somar às águas superficiais, ou então, voltar a se infiltrar novamente.


O Brasil possui uma das maiores reservas hídricas do mundo, concentrando cerca de 15% da água doce superficial disponível no planeta.

Mas o contraste na distribuição é enorme:


A região Norte, com 7% da população, possui 68% da água do País, enquanto o Nordeste, com 29% da população, possui 3%, e o Sudeste, com 43% da população, conta com 6%.

Além disso, problemas como o desmatamento das nascentes e a poluição dos rios agravam a situação. Em conseqüência, 45% da população não tem acesso aos serviços de água tratada e 96 milhões de pessoas vivem sem esgoto sanitário.



A agricultura é o setor que mais consome água no país, cerca de 59%. O uso doméstico e o setor comercial consomem 22% e o setor industrial fica por último com 19% do consumo.

Projeções feitas por cientistas calculam que em 2025, cerca de 2,43 bilhões de pessoas estarão sem acesso à água.O desperdício é outro grande problema. Na verdade, é uma das causas para escassez. No Brasil 40% da água tratada fornecida aos usuários é desperdiçada. Cada pessoa necessita de 40 litros de água por dia, mas a média brasileira é de 200 litros.

Outros dados:

• 65% das internações hospitalares no país, principalmente de crianças, são causadas por doenças de veiculação hídrica.
• Diarréia e as infecções parasitárias estão em segundo lugar como maior causa de mortalidade infantil no Brasil.
• Apesar dos esforços, são poucas as indústrias brasileiras que tratam seus despejos antes de devolvê-los à natureza.
• Apesar de toda energia gerada pelas gigantescas hidrelétricas do São Francisco, ainda hoje 35% da população rural dessa região não possui energia elétrica em seus domicílios.
• São Paulo e algumas outras cidades do globo têm uma descarga de efluentes do mesmo volume que o fluxo natural dos rios que as atravessam.
Dia Mundial da Água
A Organização das Nações Unidas instituiu, em 1992, o Dia Mundial da Água - 22 de março. O objetivo da data é refletir, discutir e buscar soluções para a poluição, desperdício e escassez de água no mundo todo. Mas há muitos outros desafios: saber usá-la de forma racional, conhecer os cuidados que devem ser tomados para garantir o consumo de uma água com qualidade e buscar condições para filtrá-la adequadamente, de modo a tirar dela o máximo proveito possível.
Os Direitos da Água
A ONU redigiu um documento intitulado Declaração Universal dos Direitos da Água. Logo abaixo, você vai ler os seus principais tópicos:
1. A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: é rara e dispendiosa e pode escassear em qualquer região do mundo.
2. A utilização da água implica respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza.
3. O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.
4. Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade e precaução.
5. A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo a nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.
6. A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável pela água da Terra.
7. A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.
8. A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de todo vegetal, animal ou ser humano. Dela dependem a atmosfera, o clima, a vegetação e a agricultura.
9. O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.
10. A gestão da água impõe um equilíbrio entre a sua proteção e as necessidades econômica, sanitária e social.
Ciclo da Água
A água, na natureza, está sempre mudando de estado físico. Sob a ação do calor do Sol, a água da superfície terrestre se evapora e se transforma em vapor d'água. Este vapor sobe para a atmosfera e vai se acumulando. Quando encontra camadas frias, se condensa, formando gotinhas de água que juntam-se a outras gotinhas e formam as nuvens.
As nuvens formadas, quando ficam muito pesadas por causa da quantidade de água nelas contida, voltam à superfície terrestre em forma de chuva. Uma parte da água das chuvas penetra no solo e forma lençóis de água subterrâneos. Outra parte corre para os rios, mares, lagos, oceanos etc. Com o calor do Sol, a água volta a evaporar.

Água potável e água tratada
A água é considerada potável quando pode ser consumida pelos seres humanos. Infelizmente, a maior parte da água dos continentes está contaminada e não pode ser ingerida diretamente. Limpar e tratar a água é um processo bastante caro e complexo, destinado a eliminar da água os agentes de contaminação que possam causar algum risco para a saúde, tornando-a potável. Em alguns países, as águas residuais, das indústrias ou das residências, são tratadas antes de serem escoadas para os rios e mares. Estas águas recebem o nome de depuradas e geralmente não são potáveis. A depuração da água pode ter apenas uma fase de eliminação das substâncias contaminadoras, caso retorne ao rio ou ao mar, ou pode ser seguida de uma fase de tratamento completa, caso se destine ao consumo humano.
Água Contaminada
Um dos principais problemas que surgiram neste século é a crescente contaminação da água, ou seja, este recurso vem sendo poluído de tal maneira que já não se pode consumi-lo em seu estado natural. As pessoas utilizam a água não apenas para beber, mas também para se desfazer de todo tipo de material e sujeira. As águas contaminadas com numerosas substâncias recebem o nome de águas residuais. Se as águas residuais forem para os rios e mares, as substâncias que elas transportam irão se acumulando e aumentam a contaminação geral das águas. Isto traz graves riscos para a sobrevivência dos organismos.
Existem vários elementos contaminadores da água. Alguns dos mais importantes e graves são:
• Os contaminadores orgânicos: são biodegradáveis e provêm da agricultura (adubos, restos de seres vivos) e das atividades domésticas (papel, excrementos, sabões). Se acumulados em excesso produzem a eutrofização das águas.
• Os contaminadores biológicos: são todos aqueles microrganismos capazes de provocar doenças, tais como a hepatite, o cólera e a gastroenterite. A água é contaminada pelos excrementos dos doentes e o contágio ocorre quando essa água é bebida.
• Os contaminadores químicos: os mais perigosos são os resíduos tóxicos, como os pesticidas do tipo DDT (chamados organoclorados), porque eles tendem a se acumular no corpo dos seres vivos. São também perigosos os metais pesados (chumbo, mercúrio) utilizados em certos processos industriais, por se acumularem nos organismos.
Mar
Desde a Antiguidade, os mares são os receptores naturais de grandes quantidades de resíduos. O Mediterrâneo, o mar do Norte, o canal da Mancha e os mares do Japão são alguns dos mais contaminados do mundo. Os agentes contaminadores que trazem maior risco ao ecossistema marinho são:
• Os acidentes com barcos petroleiros que provocam grandes desastres ecológicos, poluindo a água do mar.
• O petróleo, como conseqüência dos acidentes, descuidos ou ações voluntárias.
• Os produtos químicos procedentes do continente, que chegam ao mar por meio da chuva e dos rios ou das águas residuais.
O problema já começou
A falta d'água já afeta o Oriente Médio, China, Índia e o norte da África. Até o ano 2050, as previsões são sombrias. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que 50 países enfrentarão crise no abastecimento de água.
China - O suprimento de água está no limite. A demanda agroindustrial e a população de 1,2 bilhão de habitantes fazem com que milhões de chineses andem quilômetros por dia para conseguir água.
Índia - Com uma população de 1 bilhão de habitantes, o governo indiano enfrenta o dilema da água constatando o esgotamento hídrico de seu principal curso-d'água, o rio Ganges.
Oriente Médio - A região inclui países como Israel, Jordânia, Arábia Saudita e Kuwait. Estudos apontam que dentro de 40 anos só haverá água doce para consumo doméstico. Atividades agrícolas e industriais terão de fazer uso de esgoto tratado.
Norte da África - Nos próximos 30 anos, a quantidade de água disponível por pessoa estará reduzida em 80%. A região abrange países situados no deserto do Saara, como Argélia e Líbia.
Motivo para guerras
A humanidade poderá presenciar no terceiro milênio uma nova modalidade de guerra: a batalha pela água. Um relatório do Banco Mundial de 1995 já anunciava que as guerras do próximo século serão motivadas pela disputa de água, diferentemente dos conflitos do século XX, marcados por questões políticas ou pela disputa do petróleo. Uma prévia do que pode ocorrer num futuro próximo aconteceu em 1967, quando o controle da água desencadeou uma guerra no Oriente Médio.
Naquele ano, os árabes fizeram obras para desviar o curso do rio Jordão e de seus afluentes. Ele é considerado o principal rio da região, nasce ao sul do Líbano e banha Israel e Jordânia. Com a nova rota, Israel perderia boa parte de sua capacidade hídrica. O governo israelense ordenou o bombardeamento da obra, acirrando ainda mais a rivalidade com os países vizinhos.
Riqueza brasileira
Quando o assunto é recursos hídricos, o Brasil é um país privilegiado. O território brasileiro detém 20% de toda a água doce superficial da Terra. A maior parte desse volume, cerca de 80%, localiza-se na Amazônia.
É naquela região desabitada que está a maior bacia fluvial do mundo, a Amazônica, com 6 milhões de quilômetros quadrados, abrangendo, além do Brasil, Bolívia, Peru, Equador e Colômbia. A segunda maior bacia hidrográfica do mundo, a Platina, também está parcialmente em território brasileiro.
Mas a nossa riqueza hídrica não se restringe às áreas superficiais: o aqüífero Botucatu/Guarani, um dos maiores do mundo, cobre uma área subterrânea de quase 1,2 milhão de quilômetros quadrados, 70% dos quais localiza-se em território brasileiro. O restante do potencial hídrico distribui-se de forma desigual pelo país. Apesar de tanta riqueza, as maiores concentrações urbanas encontram-se distantes dos grandes rios, como o São Francisco, o Paraná e o Amazonas.
Assim, dispor de grandes reservas hídricas não garante o abastecimento de água para toda a população.
Seca no Nordeste
Este é um problema que tem solução. Desviar parte da água do rio São Francisco para a região semi-árida é uma idéia antiga. Na prática, seria construída uma rede de canais para abastecer açudes dos Estados atingidos pela falta d'água, como Pernambuco, Ceará e Paraíba. Especialistas calculam que um projeto desse seria capaz de levar água a 200 municípios e 6,8 milhões de brasileiros.
Como economizar água
Não demore muito tempo no chuveiro. Em média, um banho consome 70 litros de água em apenas 5 minutos, ou seja, 25.550 litros por ano.
Preste atenção ao consumo mensal da conta de água. Você poderá descobrir vazamentos que significam enorme desperdício de água. Faça um teste; feche todas as torneiras e os registros de casa e verifique se o hidrômetro - aparelho que mede o consumo de água - sofre alguma alteração. Se alterar, o vazamento está comprovado.
Você pode economizar 16.425 litros de água por ano ao escovar os dentes, basta molhar a escova e depois fechar a torneira. Volte a abri-la somente para enxaguar a boca e a escova.
Prefira lavar o carro com balde em lugar da mangueira. O esguicho aberto gasta aproximadamente 600 litros de água. Se você usar balde, o consumo cairá para 60 litros.
Cuidado: Nada de "varrer" quintais e calçadas com esguicho; use a vassoura!
Curiosidades
Cada brasileiro gasta 300 litros de água por dia. Apenas metade disso seria suficiente para suprir todas as necessidades. Além disso, grande parte dos reservatórios está contaminada, principalmente em regiões mais populosas.
Na maioria dos países, é no campo que ocorre o maior consumo de água: a agricultura intensiva consome mais de quinhentos litros por pessoa ao dia. De 1900 até os nossos dias, a superfície de cultivo irrigado triplicou. Os sistemas tradicionais de irrigação aproveitam apenas 40% da água que utilizam. O resto evapora ou se perde.
Fonte: www.brasilescola.com e www.webciencia.com , acesso em 31 de agosto de 2008.

Resposta de Machado de Assis

Resposta de Machado de Assis

Rio de Janeiro, 29 de fevereiro de 1868.+

Exmo. Sr. — É boa e grande fortuna conhecer um poeta; melhor e maior fortuna é recebê-lo das mãos de V. Exa, com uma carta que vale um diploma, com uma recomendação que é uma sagração. A musa do Sr. Castro Alves não podia ter mais feliz intróito na vida literária. Abre os olhos em pleno Capitólio. Os seus primeiros cantos obtêm o aplauso de um mestre. — Mas se isto me entusiasma, outra coisa há que me comove e confunde, é a extrema confiança, que é ao mesmo tempo um motivo de orgulho para mim. De orgulho, repito, e tão inútil fera dissimular esta impressão, quão arrojado seria ver nas palavras de V. Exa. mais do que uma animação generosa. — A tarefa da crítica precisa destes parabéns; é tão árdua de praticar, já pelos estudos que exige, já pelas lutas que impõe, que a palavra eloqüente de um chefe é muitas vezes necessária para reavivar as forças exaustas e reerguer o ânimo abatido. — Confesso francamente, que, encetando os meus ensaios de crítica, fui movido pela idéia de contribuir com alguma coisa para a reforma do gosto que se ia perdendo, e efetivamente se perde. Meus limitadíssimos esforços não podiam impedir o tremendo desastre. Como impedi-lo, se, por influência irresistível, o mal vinha de fora, e se impunha ao espírito literário do país, ainda mal formado e quase sem consciência de si? Era difícil plantar as leis do gosto, onde se havia estabelecido uma sombra de literatura, sem alento nem ideal, falseada e frívola, mal imitada e mal copiada. Nem os esforços dos que, como V. Exa, sabem exprimir sentimentos e idéias na língua que nos legaram os mestres clássicos, nem esses puderam opor um dique à torrente invasora. Se a sabedoria popular não mente, a universalidade da doença podia dar-nos alguma consolação quando não se antolha remédio ao mal. — Se a magnitude da tarefa era de assombrar espíritos mais robustos, outro risco havia: e a este já não era a inteligência que se expunha, era o caráter. Compreende V. Ex.a que, onde a crítica não é instituição formada e assentada, a análise literária tem de lutar contra esse entranhado amor paternal que faz dos nossos filhos as mais belas crianças do mundo. Não raro se originam ódios onde era natural travarem-se afetos. Desfiguram-se os intentos da crítica, atribui-se à inveja o que vem da imparcialidade: chama-se antipatia o que é consciência. Fosse esse, porém, o único obstáculo, estou convencido que ele não pesaria no ânimo de quem põe acima do interesse pessoal o interesse perpétuo da sociedade, porque a boa fama das musas o é também. — Cansados de ouvir chamar bela à poesia, os novos atenienses resolveram bani-la da república. — O elemento poético é hoje um tropeço ao sucesso de uma obra. Aposentaram a imaginação. As musas, que já estavam apeadas dos templos, foram também apeadas dos livros. A poesia dos sentidos veio sentar-se no santuário e assim generalizou-se uma crise funesta às letras. Que enorme Alfeu não seria preciso desviar do seu curso para limpar este presepe de Augias? — Eu bem sei que no Brasil, como fora dele, severos espíritos protestam com o trabalho e a lição contra esse estado de coisas: tal é, porém, a feição geral da situação, ao começar a tarde do século. Mas sempre há de triunfar a vida inteligente. Basta que se trabalhe sem trégua. Pela minha parte, estava e está acima das minhas posses semelhante papel, contudo. entendia e entendo — adotando a bela definição do poeta que V. Exa dá em sua carta — que há para o cidadão da arte e do belo deveres imprescritíveis, e que, quando uma tendência do espírito o impele para certa ordem de atividade, é sua obrigação prestar esse serviço às letras. — Em todo o caso não tive imitadores. Tive um antecessor ilustre, apto para este árduo mister, erudito e profundo, que teria prosseguido no caminho das suas estréias, se a imaginação possante e vivaz não lhe estivesse exigindo as criações que depois nos deu. Será preciso acrescentar que aludo a V. Ex.a? — Escolhendo-me para Virgílio do jovem Dante que nos vem da pátria de Moema, impõe-me um dever, cuja responsabilidade seria grande se a própria carta de V. Exa não houvesse aberto ao neófito as portas da mais vasta publicidade. A análise pode agora esmerilhar nos escritos do poeta belezas e descuidos. O principal trabalho está feito. — Procurei o poeta cujo nome havia sido ligado ao meu, e, com a natural ansiedade que nos produz a notícia de um talento robusto, pedi-lhe que me lesse o seu drama e os seus versos. — Não tive, como V. Exa, a fortuna de os ouvir diante de um magnífico panorama. Não se rasgavam horizontes diante de mim: não tinha os pés nessa formosa Tijuca, que V. Exa chama um escabelo entre a nuvem e o pântano. Eu estava no pântano, em torno de nós agitava-se a vida tumultuosa da cidade. Não era o ruído das paixões nem dos interesses; os interesses e as paixões tinham passado a vara à loucura: estávamos no carnaval. — No meio desse tumulto abrimos um oásis de solidão. — Ouvi o Gonzaga e algumas poesias. — V. Exa já sabe o que é o drama e o que são os versos, já os apreciou consigo, já resumiu a sua opinião. Esta carta, destinada a ser lida pelo público, conterá as impressões que recebi com a leitura dos escritos do poeta. — Não podiam ser melhores as impressões. Achei uma vocação literária, cheia de vida e robustez, deixando antever nas magnificências do presente as promessas do futuro. Achei um poeta original. O mal da nossa poesia contemporânea é ser copista — no dizer, nas idéias e nas imagens. Copiá-las é anular-se. A musa do Sr. Castro Alves tem feição própria. Se se adivinha que a sua escola é a de Vítor Hugo, não é porque o copie servilmente, mas porque uma índole irmã levou-o a preferir o poeta das Orientais ao poeta das Meditações. Não lhe aprazem certamente as tintas brancas e desmaiadas da elegia; quer antes as cores vivas e os traços vigorosos da ode. — Como o poeta que tomou por mestre, o Sr. Castro Alves canta simultaneamente o que é grande e o que é delicado, mas com igual inspiração e método idêntico a pompa das figuras, a sonoridade do vocábulo, uma forma esculpida com arte, sentindo-se por baixo desses lavores o estro, a espontaneidade, o ímpeto. Não é raro andarem separadas estas duas qualidades da poesia: a forma e o estro. Os verdadeiros poetas são os que as têm ambas. Vê-se que o Sr. Castro Alves as possui; veste as suas idéias com roupas finas e trabalhadas. O receio de cair em um defeito, não o levará a cair no defeito contrário? Não me parece que lhe haja acontecido isso; mas indico-lhe o mal, para que fuja dele. É possível que uma segunda leitura dos seus versos me mostrasse alguns senões fáceis de remediar; confesso que os não percebi no meio de tantas belezas. — O drama, esse li-o atentamente; depois de ouvi-lo, li-o, e reli-o, e não sei bem se era a necessidade de o apreciar, se o encanto da obra, que me demorava os olhos em cada página do volume. — O poeta explica o dramaturgo. Reaparecem no drama as qualidades do verso; as metáforas enchem o período; sente-se de quando em quando o arrojo da ode. Sófocles pede as asas a Píndaro. Parece ao poeta que o tablado é pequeno; rompe o céu de lona e arroja-se ao espaço livre e azul. — Esta exuberância que V. Exa com justa razão atribui à idade, concordo que o poeta há de reprimi-la com os anos. Então conseguirá separar completamente a língua lírica da língua dramática; e do muito que devemos esperar temos prova e fiança no que nos dá hoje. — Estreando no teatro com um assunto histórico, e assunto de uma revolução infeliz, o Sr. Castro Alves consultou a índole do seu gênio poético. Precisava de figuras que o tempo houvesse consagrado; as da Inconfidência tinham além disso a auréola do martírio. Que melhor assunto para excitar a piedade? A tentativa abortada de uma revolução, que tinha por fim consagrar a nossa independência, merece do Brasil de hoje aquela veneração que as raças livres devem aos seus Espártacos. O insucesso fê-los criminosos; a vitória tê-los-ia feito Washingtons. Condenou-os a justiça legal; reabilita-os a justiça histórica. — Condensar estas idéias em uma obra dramática, transportar para a cena a tragédia política dos Inconfidentes, tal foi o objeto do Sr. Castro Alves, e não se pode esquecer que, se o intuito era nobre, o cometimento era grave. O talento do poeta superou a dificuldade; com uma sagacidade que eu admiro em tão verdes anos, tratou a história e a arte por modo que, nem aquela o pode acusar de infiel, nem esta de copista. Os que, como V. Exa, conhecem esta aliança, hão de avaliar esse primeiro merecimento do drama do Sr. Castro Alves. — A escolha de Gonzaga para protagonista foi certamente inspirada ao poeta pela circunstância dos seus legendários amores, de que é história aquela famosa Marília de Dirceu. Mas não creio que fosse só essa circunstância. Do processo resulta que o cantor de Marília era tido por chefe da conspiração, em atenção aos seus talentos e letras. A prudência com que se houve desviou da sua cabeça a pena capital. Tiradentes, esse era o agitador; serviu à conspiração com uma atividade rara; era mais um conspirador do dia que da noite. A justiça o escolheu para a forca. Por tudo isso ficou o seu nome ligado ao da tentativa de Minas. — Os amores de Gonzaga traziam naturalmente ao teatro o elemento feminino, e de um lance, casavam-se em cena a tradição política e a tradição poética, o coração do homem e a alma do cidadão. A circunstância foi bem aproveitada pelo autor; o protagonista atravessa o drama sem desmentir a sua dupla qualidade de amante e de patriota; casa no mesmo ideal os seus dois sentimentos. Quando Maria lhe propõe a fuga, no terceiro ato, o poeta não hesita em repelir esse recurso, apesar de ser iminente a sua perda. Já então a revolução expira; para as ambições, se ele as houvesse, a esperança era nenhuma; mas ainda era tempo de cumprir o dever. Gonzaga preferiu seguir a lição do velho Horácio corneiliano: entre o coração e o dever a alternativa é dolorosa. Gonzaga satisfaz o dever e consola o coração. Nem a pátria nem a amante podem lançar-lhe nada em rosto. — O Sr. Castro Alves houve-se com a mesma arte em relação aos outros conjurados. Para avaliar um drama histórico, não se pode deixar de recorrer à história; suprimir esta condição é expor-se a crítica a não entender o poeta. — Quem vê o Tiradentes do drama não reconhece logo aquele conjurado impaciente e ativo, nobremente estouvado, que tudo arrisca e empreende, que confia mais que todos no sucesso da causa, e paga enfim as demasias do seu caráter com a morte na forca e a profanação do cadáver? E Cláudio, o doce poeta, não o vemos todo ali, galhofeiro e generoso, fazendo da conspiração uma festa e da liberdade uma dama, gamenho no perigo, caminhando para a morte com o riso nos lábios, como aqueles emigrados do Terror? Não lhe rola já na cabeça a idéia do suicídio, que praticou mais tarde, quando a expectativa do patíbulo lhe despertou a fibra de Catão, casando-se com a morte, já que se não podia casar com a liberdade? Não é aquele o denunciante Silvério, aquele o Alvarenga, aquele o padre Carlos? Em tudo isso é de louvar a consciência literária do autor. A história nas suas mãos não foi um pretexto; não quis profanar as figuras do passado, dando-lhes feições caprichosas. Apenas empregou aquela exageração artística, necessária ao teatro, onde os caracteres precisam de relevo, onde é mister concentrar em pequeno espaço todos os traços de uma individualidade, todos os caracteres essenciais de uma época ou de um acontecimento. — Concordo que a ação parece às vezes desenvolver-se pelo acidente material. Mas esses raríssimos casos são compensados pela influência do princípio contrário em toda a peça. — O vigor dos caracteres pedia o vigor da ação, ela é vigorosa e interessante em todo o livro; patética no último ato. Os derradeiros adeuses de Gonzaga e Maria excitam naturalmente a piedade, e uns belos versos fecham este drama, que pode conter as incertezas de um talento juvenil, mas que é com certeza uma invejável estréia. — Nesta rápida exposição das minhas impressões, vê V. Exa que alguma coisa me escapou. Eu não podia, por exemplo, deixar de mencionar aqui à figura do preto Luís. Em uma conspiração para a liberdade, era justo aventar a idéia da abolição. Luís representa o elemento escravo Contudo o Sr. Castro Alves não lhe deu exclusivamente a paixão da liberdade. Achou mais dramático pôr naquele coração os desesperos do amor paterno. Quis tornar mais odiosa a situação do escravo pela luta entre a natureza e o fato social, entre a lei e o coração. Luís espera da revolução, antes da liberdade a restituição da filha; é a primeira afirmação da personalidade humana; o cidadão virá depois. Por isso, quando no terceiro ato Luís encontra a filha já cadáver, e prorrompe em exclamações e soluços, o coração chora com ele, e a memória, se a memória pode dominar tais comoções, nos traz aos olhos a bela cena do rei Lear, carregando nos braços Cordélia morta. Quem os compara não vê nem o rei nem o escravo: vê o homem. — Cumpre mencionar outras situações igualmente belas. Entra nesse número a cena da prisão dos conjurados no terceiro ato. As cenas entre Maria e o governador também são dignas de menção, posto que prevalece no espírito o reparo a que V. Exa aludiu na sua carta. O coração exigira menos valor e astúcia da parte de Maria; mas, não é verdade que o amor vence as repugnâncias para vencer os obstáculos? Em todo o caso uma ligeira sombra não empana o fulgor da figura. — As cenas amorosas são escritas com paixão: as palavras saem naturalmente de uma alma para outra, prorrompem de um para outro coração. E que contraste melancólico não é aquele idílio às portas do desterro, quando já a justiça está prestes a vir separar os dois amantes! — Dir-se-á que eu só recomendo belezas e não encontro senões? Já apontei os que cuidei ver. Acho mais — duas ou três imagens que me não parecem felizes: e uma ou outra locução suscetível de emenda. Mas que é isto no meio das louçanias da forma? Que as demasias do estilo, a exuberância das metáforas, o excesso das figuras devem obter a atenção do autor, é coisa tão segura que eu me limito a mencioná-las: mas como não aceitar agradecido esta prodigalidade de hoje, que pode ser a sábia economia de amanhã? — Resta-me dizer que, pintando nos seus personagens a exaltação patriótica, o poeta não foi só à lição do fato, misturou talvez com essa exaltação um pouco do seu próprio sentir. É a homenagem do poeta ao cidadão. Mas, consorciando os sentimentos pessoais aos dos seus personagens, é inútil distinguir o caráter diverso dos tempos e das situações. Os sucessos que em 1822 nos deram uma pátria e uma dinastia, apagaram antipatias históricas que a arte deve reproduzir quando evoca o passado. — Tais foram as impressões que me deixou este drama viril, estudado e meditado, escrito com calor e com alma. A mão é inexperiente, mas a sagacidade do autor supre a inexperiência. Estudou e estuda; é um penhor que nos dá. Quando voltar aos arquivos históricos ou revolver as paixões contemporâneas, estou certo que o fará com a mão na consciência. Está moço, tem um belo futuro diante de si. Venha desde já alistar-se nas fileiras dos que devem trabalhar para restaurar o império das musas. — O fim é nobre, a necessidade é evidente. Mas o sucesso coroará a obra? É um ponto de interrogação que há de ter surgido no espírito de V. Exa. Contra estes intuitos, tão santos quanto indispensáveis, eu sei que há um obstáculo, e V. Exa. o sabe também: é a conspiração da indiferença. Mas a perseverança não pode vencê-la? Devemos esperar que sim. — Quanto a V. Exa, respirando nos degraus da nossa Tijuca o hausto puro e vivificante da natureza, vai meditando, sem dúvida, em outras obras-primas com que nos há de vir surpreender cá embaixo. Deve faze-lo sem temor. Contra a conspiração da indiferença, tem V. Exa um aliado invencível: é a conspiração da posteridade. Publicada no Correio Mercantil, Rio de Janeiro, 1 de março de 1868

Diálogo entre machado de Assis e José de Alencar

Diálogo Epistolar entre José de Alencar e Machado de Assis
Carta de José de Alencar Tijuca [Rio de Janeiro], 18 de fevereiro de 1868.

Ilmo Sr. Machado de Assis. — Recebi ontem a visita de um poeta. — O Rio de Janeiro não o conhece ainda; muito breve o há de conhecer o Brasil. Bem entendido, falo do Brasil que sente; do coração e não do resto. — O Sr. Castro Alves é hóspede desta grande cidade, alguns dias apenas. Vai a S. Paulo concluir o curso que encetou em Olinda. — Nasceu na Bahia, a pátria de tão belos talentos; a Atenas brasileira que não cansa de produzir estadistas, oradores, poetas e guerreiros. — Podia acrescentar que é filho de um médico ilustre. Mas para quê? A genealogia dos poetas começa com o seu primeiro poema. E que pergaminhos valem estes selados por Deus? — O Sr. Castro Alves trouxe-me uma carta do Dr. Fernandes da Cunha, um dos pontífices da tribuna brasileira. Digo pontífice, porque nos caracteres dessa têmpera o talento é uma religião, a palavra um sacerdócio. — Que júbilo para mim! Receber Cícero que vinha apresentar Horácio, a eloqüência conduzindo pela mão a poesia, uma glória esplêndida mostrando no horizonte da pátria a irradiação de uma límpida aurora! — Mas também quanto, nesse instante, deplorei minha pobreza, que não permitia dar a tão caros hóspedes régio agasalho. Carecia de ser Hugo ou Lamartine, os poetas-oradores, para preparar esse banquete da inteligência. — Se, ao menos, tivesse nesse momento junto de mim a plêiade rica de jovens escritores, à qual pertencem o senhor, o Dr. Pinheiro Guimarães, Bocaiúva, Múzio, Joaquim Serra, Varela, Rozendo Moniz, e tantos outros!... — Entre estes, por que não lembrarei o nome de Leonel de Alencar, a quem o destino fez ave de arribação na terra natal? Em literatura não há suspeições: todos nós, que nascemos em seu regaço, não somos da mesma família? — Mas a todos o vento da contrariedade os tem desfolhado por aí, como flores de uma breve primavera. Um fez da pena espada para defender a pátria. Alguns têm as asas crestadas pela indiferença; outros, como douradas borboletas, presas da teia d'aranha, se debatem contra a realidade de uma profissão que lhes tolhe os vôos. — Felizmente estava eu na Tijuca. O senhor conhece esta montanha encantadora. A natureza a colocou a duas léguas da Corte, como um ninho para as almas cansadas de pousar no chão. — Aqui tudo é puro e são. O corpo banha-se em águas cristalinas, como o espírito na limpidez deste céu azul. — Respira-se à larga, não somente os ares finos que vigoram o sopro da vida, porém aquele hálito celeste do Criador, que bafejou o mundo recém-nascido. Só nos ermos em que não caíram ainda as fezes da civilização, a terra conserva essa divindade do berço. — Elevando-se a estas eminências, o homem aproxima-se de Deus. A Tijuca é um escabelo entre o pântano e a nuvem, entre a terra e o céu. O coração que sobe por este genuflexório, para se prostrar ao pés do Onipotente, conta três degraus; em cada um deles, uma contrição. — No alto da Boa Vista, quando se descortina longe, serpejando pela várzea, a grande cidade réptil, onde as paixões pululam, a alma que se havia atrofiado no foco do materialismo, sente-se homem. Embaixo era uma ambição; em cima contemplação. — Transposto esse primeiro estádio, além, para as bandas da Gávea, há um lugar que chamam Vista Chinesa. Este nome lembra-lhe naturalmente um sonho oriental, pintado em papel de arroz. É uma tela sublime, uma decoração magnífica deste inimitável cenário fluminense. Dir-se-ia que Deus entregou a algum de seus arcanjos o pincel de Apeles, e mandou-lhe encher aquele pano de horizonte. Então o homem sente-se religioso. — Finalmente, chega-se ao Pico da Tijuca, o ponto culminante da serra, que fica do lado oposto. Daí os olhos deslumbrados vêem a terra como uma vasta ilha a submergir-se entre dois oceanos, o oceano do mar e o oceano do éter. Parece que estes dois infinitos, o abismo e o céu, abrem-se para absorver um ao outro. E no meio dessas imensidades, um átomo, mas um átomo-rei, de tanta magnitude. Aí o ímpio é cristão e adora o Deus verdadeiro. — Quando a alma desce destas alturas e volve ao pá da civilização, leva consigo uns pensamentos sublimes, que do mais baixo remontam à sua nascença, pela mesma lei que faz subir ao nível primitivo a água derivada do topo da terra. — Nestas paragens não podia meu hóspede sofrer jejum de poesia. Recebi-o dignamente. Disse à natureza que pusesse a mesa, e enchesse as ânforas das cascatas de linfa mais deliciosa que o falerno do velho Horácio. — A Tijuca esmerou-se na hospitalidade. Ela sabia que o jovem escritor vinha do Norte, onde a natureza tropical se espaneja em lagos de luz diáfana, e, orvalhada de esplendores, abandona-se lasciva como uma odalisca às carícias do poeta. — Então a natureza fluminense, que também, quando quer, tem daquelas impudências celestes, fez-se casta e vendou-se com as alvas roupagens de nuvens. A chuva a borrifou de aljôfares; as névoas resvalavam pelas encostas como as fímbrias da branca túnica roçagante de uma virgem cristã. — Foi assim, a sorrir entre os nítidos véus, com um recato de donzela, que a Tijuca recebeu nosso poeta. — O Sr. Castro Alves lembrava-se, como o senhor e alguns poucos amigos, de uma antigüidade de minha vida; que eu outrora escrevera para o teatro. Avaliando sobre medida minha experiência neste ramo difícil da literatura, desejou ler-me um drama, primícia de seu talento. — Essa produção já passou pelas provas públicas em cena competente para julgá-la. A Bahia aplaudiu com júbilos de mãe a ascensão da nova estrela de seu firmamento. Depois de tão brilhante manifestação, duvidar de si, não é modéstia unicamente, é respeito à santidade de sua missão de poeta. — Gonzaga é o título do drama que lemos em breves horas. O assunto, colhido na tentativa revolucionária de Minas, grande manancial de poesia histórica ainda tão pouco explorado, foi enriquecido pelo autor com episódios de vivo interesse. O Sr. Castro Alves é um discípulo de Vítor Hugo, na arquitetura do drama, como no colorido da idéia. O poema pertence à mesma escola do ideal; o estilo tem os mesmos toques brilhantes. — Imitar Vítor Hugo só é dado às inteligências de primor. O Ticiano da literatura possui uma palheta que em mão de colorista medíocre mal produz borrões. Os moldes ousados de sua frase são como os de Benvenuto Cellini; se o metal não for de superior afinação, em vez de estátuas saem pastichos. — Não obstante, sob essa imitação de um modelo sublime desponta no drama a inspiração original, que mais tarde há de formar a individualidade literária do autor. Palpita em sua obra o poderoso sentimento da nacionalidade, essa alma da pátria, que faz os grandes poetas, como os grandes cidadãos. — Não se admire de assimilar eu o cidadão e o poeta, duas entidades que no espírito de muitos andam inteiramente desencontradas. O cidadão é o poeta do direito e da justiça; o poeta é o cidadão do belo e da arte. — Há no drama Gonzaga exuberância de poesia. Mas deste defeito a culpa não foi do escritor; foi da idade. Que poeta aos vinte anos não tem essa prodigalidade soberba de sua imaginação, que se derrama sobre a natureza e a inunda? — A mocidade é uma sublime impaciência. Diante dela a vida se dilata, e parece-lhe que não tem para vivê-la mais que um instante. Põe os lábios na taça da vida, cheia a transbordar de amor, de poesia, de glória, e quisera estancá-la de um sorvo. — A sobriedade vem com os anos; é virtude do talento viril. Mais entrado na vida, o homem aprende a poupar sua alma. Um dia, quando o Sr. Castro Alves reler o Gonzaga, estou convencido que ele há de achar um drama esboçado, em cada personagem desse drama. Olhos severos talvez enxerguem na obra pequenos senões. — Maria, achando em si forças para enganar o governador em um transe de suprema angústia, parecerá a alguns menos amante, menos mulher, do que devera. A ação, dirigida uma ou outra vez pelo acidente material, antes do que pela revolução íntima do coração, não terá na opinião dos realistas, a naturalidade moderna. — Mas são esses defeitos da obra, ou do espírito em que ela se reflete? Muitas vezes já não surpreendeu seu pensamento a fazer a crítica de uma flor, de uma estrela, de uma aurora? Se o deixasse, creia que ele se lançaria a corrigir o trabalho do supremo artista. Não somos homens debalde: Deus nos deu uma alma, uma individualidade. — Depois da leitura do seu drama, o Sr. Castro Alves recitou-me algumas poesias. "A Cascata de Paulo Afonso", "As Duas Ilhas" e "A Visão dos Mortos" não cedem às excelências da língua portuguesa neste gênero. Ouça-as o senhor, que sabe o segredo desse metro natural, dessa rima suave e opulenta. — Nesta capital da Civilização brasileira, que o é também de nossa indiferença, pouco apreço tem o verdadeiro mérito quando se apresenta modestamente. Contudo, deixar que passasse por aqui ignorado e despercebido o jovem poeta baiano, fora mais que uma descortesia. Não lhe parece? — Já um poeta o saudou pela imprensa; porém, não basta a saudação; é preciso abrir-lhe o teatro, o jornalismo, a sociedade, para que a flor desse talento cheio de seiva se expanda nas auras da publicidade. — Lembrei-me do senhor. Em nenhum concorrem os mesmos títulos. Para apresentar ao público fluminense o poeta baiano, é necessário não só ter foro de cidade na imprensa da Corte, como haver nascido neste belo vale do Guanabara, que ainda espera um cantor. — Seu melhor título, porém, é outro. O senhor foi o único de nossos modernos escritores, que se dedicou sinceramente à cultura dessa difícil ciência que se chama crítica. Uma porção de talento que recebeu da natureza, em vez de aproveitá-lo em criações próprias, teve a abnegação de aplicá-lo a formar o gosto e desenvolver a literatura pátria. — Do senhor, pois, do primeiro crítico brasileiro, confio a brilhante vocação literária, que se revelou com tanto vigor. — Seja o Virgílio do jovem Dante, conduza-o pelos ínvios caminhos por onde se vai à decepção, à indiferença e finalmente à glória, que são os três círculos máximos da divina comédia do talento. Publicada no Correio Mercantil, Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 1868.

Biografia de Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis
Biografia
Poeta, romancista, novelista, contista, cronista, dramaturgo, ensaísta e crítico, nasceu e morreu na cidade do Rio de Janeiro, respectivamente, em 21/06/1839 e 29/09/1908. Sua obra tem raízes nas tradições da cultura européia e transcende a influência das escolas literárias nacionais.
Filho de um pintor de casas mestiço de negro e português, após a morte da mãe foi criado pela madrasta, também mestiça. Adoentado, epiléptico, gago e de figura trivial, encontrou emprego como aprendiz de tipógrafo aos 17 anos de idade, começando a escrever durante seu tempo livre. Em breve, começou a publicar obras românticas. Colaborou regularmente na imprensa carioca.
Sua obra divide-se em duas fases, uma romântica e outra parnasiano-realista, quando desenvolveu seu inconfundível estilo desiludido, sarcástico e amargo. O domínio da linguagem é sutil e o estilo é preciso, reticente. O humor pessimista e a complexidade do pensamento, além da desconfiança na razão (no seu sentido cartesiano e iluminista), fazem com que se afaste de seus contemporâneos. A galeria de tipos e personagens que criou revela o autor como um mestre da observação psicológica.
Em 1869 Machado era um típico homem de letras brasileiro bem sucedido, confortavelmente amparado por um cargo público e num feliz casamento com uma culta senhora, Carolina Augusta Xavier de Novais. Naquele ano, a doença fê-lo afastar-se temporariamente de suas atividades e, na sua volta, publica um livro extremamente original, pouco convencional para o estilo da época — "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881) —, que, juntamente com "O Mulato" (de Aluísio de Azevedo), constitui o marco do realismo na literatura brasileira. Das "Memórias" provém aquele pensamento do personagem que se julga feliz por não ter deixado descendentes que perpetuassem o legado da miséria humana.
Publicou ainda mais dois romances de sua famosa tríade, "Quincas Borba" (1891) e "Dom Casmurro" (1899). Estes livros, ao lado de suas histórias curtas ("Histórias da Meia Noite", "Papéis Avulsos", "Histórias Românticas", "Histórias sem Data", "Várias Histórias", "Páginas Recolhidas", "Relíquias de Casa Velha", "Contos Fluminenses", "Crônicas") fizeram sua fama como escritor.
Urbano, aristocrata, cosmopolita, reservado e cínico, ignorou questões sociais como a independência do Brasil e a abolição da escravatura. Passou ao longe do nacionalismo, tendo ambientado suas histórias sempre no Rio, como se não houvesse outro lugar. O mundo natural virtualmente inexiste em seu trabalho. Escreve com profundo pessimismo e desilusão que seriam insuportáveis se não estivessem disfarçados sob o manto da ironia e do humor inteligente. Foi o principal responsável pela fundação da Academia Brasileira de Letras e seu primeiro presidente; permaneceu nesta qualidade até sua morte.
O Machado poeta é menos conhecido e apreciado, apesar de sua primeira manifestação literária ter sido feita justamente com uma poesia ("Ela", publicado na "Marmota Fluminense"), aos 16 anos de idade.
Publicou quatro livros de poesia. "Crisálidas" (1864) e "Falenas" (1870) mostram nítida influência de Castro Alves, com alguma pregação dos ideais de liberdade. Em "Americanas" (1875) as influências alencarinas são patentes, e o próprio Machado vale-se do recurso da metalinguagem externa em uma importante advertência inicial de que o assunto do livro não era unicamente os aborígenes brasileiros. "Ocidentais" (1901) já mostra elementos do realismo: ironia, niilismo, recuperação do tempo perdido.
É a referência clássica da literatura brasileira, considerado o maior escritor do país e um mestre da língua.
Grupo de Estudantes e professores do Ensino Médio da Escola Castelo Branco numa visita guiada ao Teatro José de Alencar ...
Interior do Teatro José de Alencar....

Viagem a Fortaleza - visita guiada ao Teatro José de alencar

Fachada do Teatro José de Alencar

Raquel de Queiroz - Morreu João Cabral , poeta

Rachel de Queiroz
________________________________________

Morreu João Cabral, poeta


Morreu um poeta. Toda morte é um prejuízo, mas a morte de um poeta representa uma agressão ao patrimônio humano. Morrer um homem, já é um prejuízo. Mas o poeta, com ser poeta, além de ser homem, amplia enormemente a perda.
Não é só a saudade não é só a pessoa que se perdeu. O poeta era em si uma riqueza, mas não riqueza comum, porém única e insubstituível.
Aquela voz que deixou de se ouvir não tinha similar, não tinha companheiros, não se fazia em coros. Era uma voz de nota única pessoal e solitária. Ninguém podia cantar por ele, ninguém poderá cantar por ele. Aquela voz se acabou.
É isso o que representa a perda de um grande poeta. O espaço ocupado por ele fica para sempre vazio. Podem brotar dezenas de poetas, novos, até mesmo de grandes poetas: o espaço ocupado por João Cabral de Melo Neto será para sempre dele. Uma vez que ele morreu, que não produzirá poesia nova, esse espaço ficará em branco, inocupado.
Quando morre um poeta como João Cabral cria-se um rombo, um vácuo. A gente fica sem ter o que dizer pois era ele que preenchia a nossa necessidade de expressão.
Como vou falar de angústia, se eu procurava na poesia dele a expressão da minha própria angústia? O poeta é na verdade a nossa língua. Não para tudo, mas no que a era parte dele dentro de nós. Nossa tristeza, nosso amor, nossa consciência do mundo - íamos procurar nele, nosso intérprete pessoal.
Sempre sentimos isso quando perdemos um grande poeta que ao mesmo tempo fosse o nosso poeta. Ele que falava por nós, que preenchia nossa falta de inspiração. Como iria fazer, dar forma, feitio e expressão literária, se me falta o poeta que dizia isso por mim?
De repente nos sentimos mudos. Verdade que ficou a obra escrita, ainda é o que nos salva. Mas já não temos as invenções do poeta que iriam dar corpo vivo às nossas invenções. Com ele calado, nós também nos calamos.
João era um silencioso. Mas tinha uma maneira sutil de exprimir a irmandade com um toque de mão, com um sorriso calado. Ele estando junto era como se nos dissesse: "Conte comigo, eu estou aqui. Já passei tudo que você está passando." Isso que estávamos passando poderia ser a angústia de um momento, uma tristeza sem voz.
Engraçado a dualidade que se estabelece entre os silêncios do poeta e tudo o que ele é capaz de dizer até com esses silêncios. É que, em poesia, as pausas também falam.
Você ou eu, que escrevemos prosa, temos de falar tudo bem explicado, bem correto; prosa clara, define os mestres. Já o poeta pode se esconder em obscuridades. Nós seguimos procurando o fio da meada, já que a poesia é sempre um desafio. O que ela sugere a você não sugere a mim.
E pode mesmo ter um terceiro segredo escondido. A poesia é um mistério, com todo o direito às suas nebulosidades. Cada leitura, ou cada leitor de um poema podem descobrir nele um sentido oculto, que varia a cada interpretação.
Aliás, creio que será esse o grande segredo do poeta. O que ele fala ou o que ele canta procura os sentimentos, não propriamente a inteligência.
Os poetas antigos cantavam os seus versos e os poetas populares de hoje ainda os cantam. Será que o hermetismo de um João Cabral poderia ser expresso em música? Claro. A sua obra mais conhecida Vida e Morte Severina é toda musicada. E talvez não pudesse ser entendida se não fosse a cantoria. E talvez João a tivesse recebido com surpresa pois não a concebera para cantar.

Raquel de Queiroz APRESENTAÇÃO DO LIVRO "EU SOU O CEGO ADERALDO" ED. MALTESE, 1994

Raquel de Queiroz
APRESENTAÇÃO
DO LIVRO "EU SOU O CEGO ADERALDO"
ED. MALTESE, 1994

CEGO ADERALDO:

É como ele se assina: Cego Aderaldo. Creio até que registrou a marca, pois é como “Cego Aderaldo” que o povo o conhece e ama.
O último dos grandes cantadores – hoje já não se conhecem cantadores como ele foi e como ele é. Ou se os há de inspiração idêntica, as novas gerações, distraídas com a música comercializada do rádio, com os cantores enlatados, já não os idêntica, as novas gerações, distraídas com a música comercializada do rádio, com os cantores enlatados, já não os identificam nem lhes conferem esse halo de glória que nimbava os famosos cantadores do passado.
Hoje, o prestígio da profissão de cantar improvisado, á rebeca ou á viola, e cantar e, desafio, vai diminuindo, em vias de desaparecer. Só maldo como causa a música dos rádios, que, através dos transistores, chega até aos lugares mais escondidos do sertão.
Onde nunca chegou trem, ou ainda não chegou automóvel nem avião, o rádio já chega. E fica, e grita, e enerva. E porque não tem mais esperança de fama, os moços de inspiração não se dedicam a cantar, não estimulam a veia poética nem se apuram na escola dos desafios.
Nessa decadência geral do oficio de cantador, cego Aderaldo mantém, contudo, o seu prestígio intacto. O povo o adora, o cerca e o festeja onde quer que ele vá. Quando chega a uma fazenda, venha embora o cego sozinho com seu guia, é como se com ele houvesse começado a novena, os foguetes e o leilão.
Aderaldo sentar-se e começa a cantar e até comove ver como a gente o cerca, e ri com ele, e lhe bebe as palavras.
Não aplaudem porque sertanejo não está habituado aplaudir: o artista tem que pressentir, no silencio emocionado que se segue ao se trabalho, o grau de aprovação que suscitou.
Aderaldo é hoje um velho de mais de oitenta anos, espigados, rijo, fala sonora de homem habituado a dominar auditórios.
Tem o riso muito fácil – é um cego alegre. Seu repertório, porque os cantadores não apenas improvisam, mas também cantam versos de lavra alheia, especialmente os da musa popular - seu repertório, com poucas exceções, é bem humorado, quase humorístico.
Isso se verá, aliás, nas páginas adiante, onde o Cego Aderaldo conta a sua vida e dá uma mostra de sua poesia.
Sei que é muito difícil por num caderno de lembranças essa coisa ilusiva e perecível que é a arte de um cantador.
A palavra impressa, coisa de medida, de premeditação e efeito calculado, não conseguirá transmitir ao leitor o impacto produzido pela ação de presença, pela mágica do improviso, pela música do acompanhamento, pelo embalo da cantoria; mas ao menos registrar um pouco, para não perder tudo.
Pelo menos isso – memória da vida, fragmentos de desafios e romances – nos guardado de tudo que ele espalhou por aí em mais de sessenta anos de cantoria. É um documento da sua passagem, uma referencia para futuros estudiosos, e uma pre texto de aproximação e reconhecimento para o povo que o ama e que, quando um dia o perder, gostará de conservar ao menos uma parte dos tesouros lançados ao vento dos desafios, aos pequenos auditórios longínquos e memória, ao caso, das peregrinações do violeiro e cantor.

Embriaguês - Charles Baudelaire

EMBRIAGUÊS
Deve- se estar sempre bêbado.
É a única questão.
Afim de não se sentir o fardo horrível do tempo, que parte tuas espáduas e te dobra sobre a terra. É preciso te embriagares
sem trégua.

Mas de quê?
De vinho, de poesia ou de virtude?
A teu gosto mas embriaga-te.

E se alguma vez sobre os degraus de um palácio, sobre a verde relva de uma vala, na sombria solidão de teu quarto, tu te encontras com a embriaguez já minorada ou finda, peça ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo aquilo que gira, a tudo aquilo que voa, a tudo aquilo que canta, a tudo aquilo que fala, a tudo aquilo que geme. Pergunte que horas são.
E o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio, te responderão.

É hora de se embriagar !!!

Para não ser como os escravos martirizados do tempo, embriaga-te. Embriaga-te sem cessar.

De vinho, de poesia ou de virtude. A teu gosto...

(Charles Baudelaire)

A arte de ser avô - Raquel de Queiroz

A arte de ser avó ( RAQUEL DE QUEIROZ )
Quarenta anos, quarenta e cinco. Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem suas alegrias, as sua compensações - todos dizem isso, embora você pessoalmente, ainda não as tenha descoberto - mas acredita.

Todavia, também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade.

Não de amores nem de paixão; a doçura da meia-idade não lhe exige essas
efervescências. A saudade é de alguma coisa que você tinha e lhe fugiu
sutilmente junto com a mocidade. Bracinhos de criança no seu pescoço. Choro de criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram as suas crianças? Naqueles adultos cheios de problemas, que hoje são seus filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento e prestações, você não encontra de modo algum as suas crianças perdidas. São homens e mulheres - não são mais aqueles que você recorda.

E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe põe nos braços um menino. Completamente grátis – nisso é que está a maravilha. Sem dores, sem choro, aquela criancinha da sua raça, da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino que se lhe é "devolvido". E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito sobre ele, ou pelo menos o seu direito de o amar com extravagância; ao contrário, causaria escândalo ou decepção, se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração.

Sim, tenho a certeza de que a vida nos dá os netos para nos compensar de todas as mutilações trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes, que vêm ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis.

Aliás, desconfio muito de que netos são melhores que namorados, pois que as
violências da mocidade produzem mais lágrimas do que enlevos. Se o Doutor Fausto fosse avô, trocaria calmamente dez Margaridas por um neto...

No entanto! Nem tudo são flores no caminho da avó. Há, acima de tudo, o entrave maior, a grande rival: a mãe. Não importa que ela, em si, seja sua filha. Não deixa por isso de ser a mãe do neto. Não importa que ela hipocritamente, ensine a criança a lhe dar beijos e a lhe chamar de "vovozinha" e lhe conte que de noite, às vezes, ele de repente acorda e pergunta por você. São lisonjas, nada mais. No fundo ela é rival mesmo. Rigorosamente, nas suas posições respectivas, a mãe e a avó representam, em relação ao neto, papéis muito semelhantes ao da esposa e da amante nos triângulos conjugais. A mãe tem todas as vantagens da domesticidade e da presença constante. Dorme com ele, dá-lhe banho, veste-o, embala-o de noite. Contra si tem a fadiga da rotina, a obrigação de educar e o ô nus de castigar.

Já a avó não tem direitos legais, mas oferece a sedução do romance e do
imprevisto. Mora em outra casa. Traz presentes. Faz coisas não programadas. Leva a passear, "não ralha nunca". Deixa lambuzar de pirulito. Não tem a menor pretensão pedagógica. É a confidente das horas de ressentimento, o último recurso dos momentos de opressão, a secreta aliada nas crises de rebeldia. Uma noite passada em sua casa é uma deliciosa fuga à rotina, tem todos os encantos de uma aventura. Lá não há linha divisória entre o proibido e o permitido, antes uma maravilhosa subversão da disciplina. Dormir sem lavar as mãos, recusar a sopa e comer croquetes, tomar café, mexer na louça, fazer trem com as cadeiras na sala, destruir revistas, derramar água no gato, acender e apagar a luz ele trica mil vezes se quiser - e até fingir que está discando o telefone. Riscar a parede com lápis dizendo que foi sem querer - e ser acreditado!

Fazer má-criação aos gritos e em vez de apanhar ir para os braços do avô, e lá
escutar os debates sobre os perigos e os erros da educação moderna...

Sabe-se que, no reino dos céus, o cristão defunto desfruta os mais requintados
prazeres da alma. Porém não estarão muito acima da alegria de sair de mãos dadas com o seu neto, numa manhã de sol. E olhe que aqui embaixo você ainda tem o direito de sentir orgulho, que aos bem-aventurados será defeso. Meu Deus, o olhar das outras avós com seus filhotes magricelas ou obesos, a morrerem de inveja do seu maravilhoso neto!

E quando você vai embalar o neto e ele, tonto de sono, abre um olho, lhe
reconhece, sorri e diz "Vó", seu coração estala de felicidade, como pão ao
forno.

E o misterioso entendimento que há entre avó e neto, na hora em que a mãe
castiga, e ele olha para você, sabendo que, se você não ousa intervir
abertamente, pelo menos lhe dá sua incondicional cumplicidade.

Até as coisas negativas se viram em alegrias quando se intrometem entre avó e neto: o bibelô de estimação que se quebrou porque o menino - involuntariamente!
- bateu com a bola nele. Está quebrado e remendado, mas enriquecido com
preciosas recordações: os cacos na mãozinha, os olhos arregalados, o beicinho pronto para o choro; e depois o sorriso malandro e aliviado porque "ninguém" se zangou, o culpado foi a bola mesma, não foi, vó? Era um simples boneco que custou caro. Hoje é relíquia: não tem dinheiro que pague.

Homenagem a Raquel de Queiroz... Escrever

Escrever ( RAQUEL DE QUEIROZ )
Você começa quando aprende a juntar as letras; faz frases engraçadinhas que seu avô acha gênio e mostra a todo mundo. Então você se convence de que é escritor.
Essa convicção representa um compromisso, desde aquela idade remota, "já que é um escritor, é obrigado a escrever". Se os pais são medíocres intelectualmente, o exercício da suposta vocação torna-se fácil.

Mas quando os pais são ou literatos ou simples letrados muito mais lhe é
exigido. Você tem que apresentar originalidade ao lado da qualidade. Isso quer
dizer que você, desde esses inícios, já padece a maldição do escritor: ter
estilo e idéias animando esse estilo. Em geral, os pais se embasbacam diante de qualquer manifestação intelectual precoce dos filhotes. Se eles não têm formação intelectual sofisticada, tudo bem. Qualquer paráfrase dos livros da escola já lhes parece excelente. Mas pais sofisticados é fogo. Não precisa nem que eles leiam os modernos, Drummond, Guimarães Rosa, Cecília Meireles, para só citar os mais ilustres e defuntos. Pai letrado quer que o filho faça pequenas frases, emita conceitos, tudo dentro da baixa qualidade que a sua literatice considera excelente. Portanto, para a qualidade da obra do filho, é melhor que os pais não tenham fumaças literárias e deixem que o menino seja o seu próprio juiz.

E, se ele tiver talento, pode ir longe, liberto dos padrões da mediocridade doméstica. Esse tipo de condenação não se pode fazer aos pais que realmente ou produzem ou pelo menos sabem apreciar uma boa peça literária. O filho, em geral, esconde deles as suas primícias, receoso do julgamento. E ele se faz censor de si mesmo, olhando com os olhos do pai aquilo que o pai não vê. Existe ainda outra maneira de ver estimulada a vocação literária dos jovens. É uma casa aberta onde todo mundo lê, o bom e o ruim, mas onde igualmente todo mundo tem direito à crítica, a falar o que pensa sobre a produção de pais, irmãos, tios e visitas íntimas, numa espécie de tribunal literário exercido à mesa de jantar.
Lembro-me da casa de Aníbal Machado, ponto obrigatório dos principiantes ou recém-chegados que lá iam (levados por algum "freguês" semanal de Aníbal).

Sendo o dono da casa quem era, além de excelente escritor ele próprio, um
animador generoso e um fino crítico de letras, a sua casa era uma espécie de
fórum literário, referência obrigatória de quem pretendia se apresentar como
escritor: "Ainda no domingo, na casa do Aníbal, ouvi o Vinícius dizer ao Conde
que o modernismo morreu..." e se desmentindo a si próprio acabava mostrando o seu último poema - fina flor do modernismo, claro.

Mas voltando ao assunto da vocação literária: para escrever, tem que haver o dom da escrita, tal como para o cantor é preciso o dom da voz. Todos conhecemos pessoas inteligentes, até brilhantes na sua especialidade - medicina, arquitetura, engenharia, economia e, na verdade, por mais sabedores que sejam no seu ofício, não conseguem exprimir na palavra escrita essa sabedoria. Deus sempre é parco na concessão de dotes: os que acumulam são sempre contados. Por que as boas cantoras líricas geralmente têm tendência a engordar? E por que as de bela silhueta quase sempre só dispõem de um fio mal afinado de voz?

Os grandes oradores dificilmente são bons escritores. Parece que eles necessitam do estímulo de uma audiência cativa para suas frases de efeito. O que desencadeia o seu talento não é uma página de papel em branco, mas uma audiência presente. E, pensando bem, isso está certo: por que um único indivíduo pode receber juntos os dons da escrita e da eloqüência? Eu, por mim, sempre espero descobrir nos outros os dons ocultos pela modéstia ou timidez. Verdade que nem sempre tenho êxito; Nosso Senhor parece que só distribui tais dotes com a mão esquerda...

Frases e poemas de Raquel de Queiroz

FRASES,POEMAS, POESIAS, CONTOS DE RAQUEL DE QUEIROZ
Morrer,só se morre só. O moribundo se isola numa redoma de vidro,ele e a sua agonia. Nada ajuda nem acompanha.
( Frases e Pensamentos de Rachel de Queiroz) Mensagem sobre Morte
A Gente nasce e morre só. E talvez por isso mesmo é que se precisa tanto de viver acompanhado.
( Frases e Pensamentos de Rachel de Queiroz) Mensagem sobre solidão

Telha de vidro ( RAQUEL DE QUEIROZ )
Quando a moça da cidade chegou
veio morar na fazenda,
na casa velha...
Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô...
Deram-lhe para dormir a camarinha,
uma alcova sem luzes, tão escura!
mergulhada na tristura
de sua treva e de sua única portinha...

A moça não disse nada,
mas mandou buscar na cidade
uma telha de vidro...
Queria que ficasse iluminada
sua camarinha sem claridade...

Agora,
o quarto onde ela mora
é o quarto mais alegre da fazenda,
tão claro que, ao meio dia, aparece uma
renda de arabesco de sol nos ladrilhos
vermelhos,
que - coitados - tão velhos
só hoje é que conhecem a luz doa dia...
A luz branca e fria
também se mete às vezes pelo clarão
da telha milagrosa...
Ou alguma estrela audaciosa
careteia
no espelho onde a moça se penteia.

Que linda camarinha! Era tão feia!
- Você me disse um dia
que sua vida era toda escuridão
cinzenta,
fria,
sem um luar, sem um clarão...
Por que você na experimenta?
A moça foi tão vem sucedida...
Ponha uma telha de vidro em sua vida!


Geometria dos ventos ( RAQUEL DE QUEIROZ )
Eis que temos aqui a Poesia,
a grande Poesia.
Que não oferece signos
nem linguagem específica, não respeita
sequer os limites do idioma. Ela flui, como um rio.
como o sangue nas artérias,
tão espontânea que nem se sabe como foi escrita.
E ao mesmo tempo tão elaborada -
feito uma flor na sua perfeição minuciosa,
um cristal que se arranca da terra
já dentro da geometria impecável
da sua lapidação.
Onde se conta uma história,
onde se vive um delírio; onde a condição humana exacerba,
até à fronteira da loucura,
junto com Vincent e os seus girassóis de fogo,
à sombra de Eva Braun, envolta no mistério ao
mesmo tempo
fácil e insolúvel da sua tragédia.
Sim, é o encontro com a Poesia.

Crônica nº 1 de Raquel de Queiroz

Crônica nº. 1
Rachel de Queiroz

Tanto neste nosso jogo de ler e escrever, leitor amigo, como em qualquer outro jogo, o melhor é sempre obedecer às regras. Comecemos portanto obedecendo às da cortesia, que são as primeiras, e nos apresentemos um ao outro. Imagine que pretendendo ser permanente a página que hoje se inaugura, nem eu nem você, — os responsáveis por ela, — nos conhecermos direito. É que os diretores de revista, quando organizam as suas seções, fazem como os chefes de casa real arrumando os casamentos dinásticos: tratam noivado e celebram matrimônio à revelia dos interessados, que só se vão defrontar cara a cara na hora decisiva do "enfim sós”.

Cá estamos também os dois no nosso "enfim sós" — e ambos, como é natural, meio desajeitados, meio carecidos de assunto: Comecemos pois a falar de você, que é tema mais interessante do que eu. Confesso-lhe, leitor que diante da entidade coletiva que você é, o meu primeiro sentimento foi de susto —, sim, susto ante as suas proporções quase imensuráveis. Disseram-me que o leitor de O CRUZEIRO representa pelo barato mais de cem mil leitores, uma vez que a revista põe semanalmente na rua a bagatela de 100.000 exemplares.

Sinto muito, mas francamente lhe devo declarar que não estou de modo nenhum habituada a auditórios de cem mil. Até hoje tenho sido apenas uma autora de romances de modesta tiragem; é verdade que venho há anos freqüentando a minha página de jornal; mas você sabe o que é jornal: metade do público que o compra só lê os telegramas e as notícias de crimes e a outra lê rigorosamente os anúncios. O recheio literário fica em geral piedosamente inédito. E agora, de repente, me atiram pelo Brasil afora em número de 100.000! Não se admire portanto se eu me sinto por ora meio “gôche”.

Dizem-me, também que você costuma dar sua preferência a gravuras com garotas bonitas a contos de amor, a coisas leves e sentimentais. Como, então, se isso não é mentira, conseguirei atrair o seu interesse? Pouco sei falar em coisas delicadas, em coisas amáveis. Sou uma mulher rústica,muito pegada à terra, muito perto dos bichos, dos negros, dos caboclos, das coisas elementares do chão e do céu. Se você entender de sociologia, dirá que sou uma mulher telúrica; mas não creio que entenda. E assim não resta sequer a compensação de me classificar com uma palavra bem soante.

Nasci longe e vivo aqui no Rio, mais ou menos como num exílio. Me consolo um pouco pensando que você, sendo no mínimo cem mil, anda espalhado pelo Brasil todo e há de muitas vezes estar perto de onde estou longe; e o que para mim será saudosa lembrança, é para você o pão de cada dia. Seus olhos muitas vezes ambicionarão isto que me deprime, — paisagem demais, montanha demais, panorama, panorama, panorama. Tem dia em que eu dava dez anos de vida por um pedacinho bem árido de caatinga, um riacho seco, um marmeleiral ralo, uma vereda pedregosa, sem nada de arvoredo luxuriante, nem lindos recantos de mar, nem casinhas pitorescas, sem nada deste insolente e barato cenário tropical. Vivo aqui abafada , enjoada de esplendor, gemendo sob a eterna, a humilhante sensação de que estou servindo sem querer como figurante de um filme colorido. Até me admira todo o mundo do Rio de Janeiro não ser obrigado a andar de “sarong”. Mas, cala-te boca; para que fui lembrar? Capaz de amanhã sair uma lei dando essa ordem.

Apesar entretanto de todas essas dificuldades, tenho a esperança de que nos entenderemos. Voltando à comparação dos casamentos de príncipe, o fato é que as mais das vezes davam certo. Não viu o do nosso Pedro II com a sua Teresa Cristina? Ele quase chorou de raiva quando deu de si casado com aquele rosto sem beleza, com aquela perna claudicante; porém com o tempo se acostumaram, se amaram, foram felizes, e ela ganhou o nome de Mãe dos Brasileiros. Assim há de ser conosco, que eu, se não claudico no andar, claudico na gramática e em outras artes exigentes. Mas sou uma senhora amorável, tal como a finada imperatriz, e de alma muito maternal. A política é que às vezes me azeda mas, segundo o trato feito, não discorreremos aqui de política. Em tudo o mais sempre me revelo uma alma lírica, cheia de boa vontade; eu sou triste um dia ou outro, não sou mal humorada nunca. E tenho sempre casos para contar, caos de minha terra, desta ilha onde moro; mentiras, recordações, mexericos, que talvez divirtam seus tédios.

Você irá desculpando as faltas, que eu por meu lado irei tentando me adaptar aos seus gostos. Quem sabe se apesar de todas as diferenças alegadas temos uma porção de coisas em comum?

Vez por outra hei de lhe desagradar, haveremos de divergir; ninguém é perfeito neste mundo e não sou eu que vá encobrir meus senões. Tenho as minhas opiniões obstinadas — você tem pelo menos cem mil opiniões diferentes — há, pois, muito pé para discordância.

Mas quando isso suceder, seja franco, conte tudo quanto lhe pesa. Ponha o amor próprio de lado, que lhe prometo também não fazer praça do meu. Lembre-se de que há um terreno de pacificação, um recurso extremo, a que sempre poderemos recorrer: fazemos uma trégua no desentendimento, procurando esquecer quem dos dois tinha ou não tinha razão; damos o braço e saímos andando por este mundo, olhando tudo que há nele de bonito ou de comovente: os casais de namorados nos bancos de jardim, o garotinho cacheado que faz bolos na areia da praia, a luz da rua refletida nas águas da baía, ou simplesmente o brilho solitário da estrela da manhã.

Depois disso, não precisaremos sequer de fazer as pazes; nos seus cem mil variadíssimos corações, como no meu coração único só haverá espaço para amizade e silêncio.

Há anos sei que é infalível o resultado da estrela da manhã.

Esta é primeira crônica escrita por Rachel de Queiroz para a coluna “Ultima Página” na revista “O Cruzeiro”, em 01/12/1945. A escritora, que iniciou assinando “Raquel de Queiroz”, permaneceu na revista quase até suas portas serem fechadas. Esta preciosidade faz parte dos “Arquivos Implacáveis” de João Antônio Bührer, gentilmente enviada ao Releituras.
Rachel de Queiroz

Ler e Refletir - o bem mais precioso...

Para ler e refletir: O BEM MAIS PRECIOSO
Piquet Carneiro-Ceará SEJUC
Conta o folclore europeu que há muitos anos um rapaz e uma moça, apaixonados um pelo outro, resolveram se casar.
Dinheiro eles quase não tinham, mas nenhum deles ligavam para isso.
A confiança mútua era a esperança de um belo futuro, desde que tivessem um ao outro.
Assim, marcaram a data para se unir em corpo e alma.
Antes do casamento, porém, a moça fez um pedido ao noivo.
- Não conseguia imaginar que um dia poderiam se separar, mas pode ser que com o tempo um se cansasse do outro ou que você se aborreça e me mande de volta para meus pais.
- Quero que você me prometa que, se algum dia isso acontecer, me deixará levar comigo o bem mais precioso que eu tiver então.
O noivo riu, achando bobagem o que ela dizia, mas a moça não ficou satisfeita enquanto ele não fez a promessa por escrito e assinou.
Casaram-se.
Decididos a melhorar de vida, ambos trabalharam muito e foram recompensados. Cada novo sucesso os fazia mais determinados a sair da pobreza, e trabalhavam ainda mais.
E o tempo passou e o casal prosperou. Conquistando uma situação estável e cada vez mais confortável e, finalmente, ficaram ricos.
Mudaram-se para uma ampla casa, fizeram novos amigos e se cercaram dos prazeres da riqueza.
Mas, dedicados em tempo integral aos negócios e aos compromissos sociais, pensavam mais nas coisas do que um no outro.
Discutiam sobre o que comprar quanto gastar como aumentar o patrimônio, mas estavam cada vez mais distanciados entre si.
Certo dia, enquanto preparavam uma festa para amigos importantes, discutiram sobre uma bobagem qualquer e começaram a levantar a voz, a gritar, e chegaram as inevitáveis acusações.
- Você não liga para mim! - gritou o marido - só pensa em você, em roupas e jóias.
- Pegue o que achar mais precioso,como prometi,volte para a casa dos seus pais. Não há motivo para continuarmos juntos.
A mulher empalideceu e encarou-o com um olhar magoado, como se acabasse de descobrir uma coisa nunca suspeita.
- Muito bem, disse ele baixinho. Quero mesmo ir embora. Mas vamos ficar juntos esta noite para receber os amigos que já foram convidados. Ele concordou.
A noite chegou. Começou a festa, com todo luxo e a fartura que a riqueza permitia.
Alta madrugada o marido adormeceu, exausto. Ela então fez com que o levassem com cuidado para a casa dos pais dela e o pusessem na cama.
Quando ele acordou, na manhã seguinte, não entendeu o que tinha acontecido. Não sabia onde estava e, quando se sentou na cama para olhar em volta ,a mulher aproximou-se e disse-lhe com carinho:
- Querido marido, você prometeu que se algum dia me mandasse embora eu poderia levar comigo o bem mais precioso que tivesse no momento. Pois bem, você é e sempre será o meu bem mais precioso. Quero você mais que tudo na vida, e nem a morte poderá nos separar.
Envolveram-se num abraço de ternura e voltaram para a casa mais apaixonados do que nunca.

O egoísmo, muitas vezes, nos turva a visão e nos faz ver as coisas de forma distorcida. Faz-nos esquecer os verdadeiros valores da vida e buscar coisas que têm valor relativo e passageiro.
Importante que, no dia-a-dia, façamos uma análise e coloquemos na balança os nossos bens mais preciosos e passemos a dar-lhes o devido valor.

Os mandamentos das Relações Humanas

OS DEZ MANDAMENTOS DAS RELAÇÕES HUMANAS

1.Fale com as pessoas.
2.Sorria para as pessoas.
3.Chame as pessoas pelo nome.
4.Seja amigo e prestativo.
5.Seja cordial.
6.Interesse-se sinceramente pelos outros.
7.Seja generoso em elogiar, cauteloso em criticar.
8.Saiba considerar os sentimentos dos outros.
9.Preocupe-se com a opinião dos outros.
10.Procure apresentar um excelente serviço


DOS DEZ MANDAMENTOS das RELAÇÕES HUMANAS

1. FALE com as pessoas. Nada há tão agradável e animado quanto uma palavra de saudação, particularmente hoje em dia quando precisamos mais de "sorrisos amáveis".

2. SORRIA para as pessoas. Lembre-se que acionamos 72 músculos para franzir a testa e somente 14 para sorrir.

3. CHAME as pessoas pelo nome. A música mais suave para muitos ainda é ouvir o seu próprio nome.

4. SEJA amigo e prestativo. Se você quiser ter amigos,
seja amigo.

5. SEJA cordial. Fale e aja com toda a sinceridade: tudo o que você fizer, faça-o com todo prazer.

6. INTERESSE-SE sinceramente pelos outros. Lembre-se que você sabe o que sabe. Seja sinceramente interessado pelos outros.

7. SEJA generoso em elogiar, cauteloso em criticar. Os líderes elogiam. Sabem encorajar, dar confiança, elevar os outros.

8. SAIBA considerar os sentimentos dos outros. Existem três lados numa controvérsia: o seu, o do outro, e o lado de quem está certo.

9. PREOCUPE-SE com a opinião dos outros. Três comportamentos de um verdadeiro líder: ouça, aprenda e saiba elogiar.

10. PROCURE apresentar um excelente serviço. O que realmente vale em nossa vida é aquilo que fazemos para os outros.

Halo - Beyoncé e We are the World - Lionel Richie e suas respectivas traduções...

We are the World- Nós Somos o Mundo
Traduzido por Fernando Wellysson

Chega um momento, quando ouvimos uma certa chamada
Quando o mundo tem que vir junto como um só
Há pessoas morrendo
E está na hora de dar uma mão a vida
O maior presente de todos

Nós não podemos continuar fingindo todos os dias
Que alguém, em algum lugar irá mudar
Todos nós somos parte da grande família de Deus
E a verdade
Você sabe que o amor é tudo que nós precisamos

Refrão:
Nós somos o mundo, nós somos as crianças
Nós que fazemos um dia mais brilhante
Assim comecemos nos dedicando
Há uma escolha que nós estamos fazendo
Nós estamos salvando nossas próprias vidas
É verdade que nós faremos um dia melhor, só você e eu

Lhes envie seu coração assim eles saberão que alguém se preocupa
E as vidas deles serão mais fortes e independentes
Como Deus nos mostrou transformando pedras em pão
E por isso todos nós temos que dar uma mão amiga

refrão

Quando você está acabado, e não aparece nenhuma esperança
Mas se você acredita que não há nenhum modo que nos faça cair
Nos deixa perceber que uma mudança só pode vir
Quando nós nos levantamos junto como um só

Refrão (quatro vezes)





We are the World (Nós Somos o Mundo)
LIONEL RICHIE
There comes a time when we heed a certain call
when the wolrd must come together as one
There are people dying

PAUL SIMON
Oh, and it's time to lend a hand to life

PAUL SIMON & KENNY ROGERS
The greatest gift of all

KENNY ROGERS
We can't go on pretending day by day

JAMES INGRAM
That someone, somewhere will soon make a change

TINA TURNER
We are all a part of God's great big family

BILLY JOEL
And the truth,

TINA TURNER/BILLY JOEL
you know, love is all we need

MICHAEL JACKSON
We are the world, we are the children
We are the ones who'll make a brighter day
So let's start giving

DIANA ROSS
There's a choice we're making
We're saving our own lives

MICHAEL JACKSON & DIANA ROSS
It's true we'll make a better day
Just you and me

DIONNE WARWICK
Oh, Send them your heart
So they'll know that someone cares

DIONNE WARWICK & WILLIE NELSON
And their lives will be stronger and free

WILLIE NELSON
As God has shown us by turning stones to bread

AL JARRREAU
And so we all must lend a helping hand

BRUCE SPRINGSTEEN
We are the world, we are the children

KENNY LOGINS
We are the ones who'll make a brighter day
So let's start giving

STEVE PERRY
Oh, there's a choice we're making
We're saving our own lives

DARYL HALL
It's true we'll make a better day
Just you and me

MICHAEL JACKSON
When you're down and out, there seems no hope at all

HUEY LEWIS
But if you just believe there's no way we can fall

CINDY LAUPER
Well, well, well, well let us realize that a change
can only
come

KIM CARNES
When we

KIM CARNES/CINDY LAUPER/HUEY LEWIS
stand together as one

Chorus:
We are the world, we are the children
We are the ones who make a brighter day
So let's start giving
There's a choice we're making
We're saving our own lives
It's true we'll make a better day
Just you and me
We are the world, we are the children
We are the ones who make a brighter day
So let's start giving

BOB DYLAN
There's a choice we're making
We're saving our own lives
It's true we'll make a better day
Just you and me

Chorus:
We are the world, we are the children
We are the ones who make a brighter day
So let's start giving
There's a choice we're making
We're saving our own lives

BOB DYLAN
It's true we'll make a better day
Just you and me

Chorus:
We are the world, we are the children
We are the ones who make a brighter day
So let's start giving

RAY CHARLES
There's a choice we're making
We're saving our own lives
It's true we'll make a better day
Just you and me

STEVIE WONDER/BRUCE SPRINGSTEEN
We are the world, we are the children
We are the ones who make a brighter day
So let's start giving

STEVIE WONDER
There's a choice we're making
We're saving our own lives
It's true we'll make a better day
Just you and me

STEVIE WONDER/BRUCE SPRINGSTEEN
We are the world, we are the children
We are the ones who make a brighter day
So let's start giving

BRUCE SPRINGSTEEN
There's a choice we're making
We're saving our own lives
It's true we'll make a better day
Just you and me

Chorus:
We are the world, we are the children
We are the ones who make a brighter day
So let's start giving
There's a choice we're making
We're saving our own lives
It's true we'll make a better day
Just you and me

JAMES INGRAM
We are the world, we are the children
We are the ones who make a brighter day
So let's start giving

RAY CHARLES
There's a choice we're making
We're saving our own lives
It's true we'll make a better day
Just you and me

Chorus:
We are the world, we are the children
We are the ones who make a brighter day
So let's start giving
There's a choice we're making
We're saving our own lives
It's true we'll make a better day
Just you and me



Halo
Beyoncé
Brilho

Lembras-se das paredes que tinha construído?
Estão a cair,
Não opuserem grande resistência,
Não se ouvi barulho quando caírem,
Encontrei uma maneira de deixar-te entrar,
Nunca tive dúvidas,
Enquanto via o teu brilho,
Já encontrei o meu anjo.

Parece que acordei,
Todas as provas que passas-te,
Era um risco que tinha de correr,
Agora eu nunca mais vou deixar-te.
Para onde quer que olhe,
Estou rodeada pelo teu carinho,
Consigo ver o teu brilho,
Sabes que és o meu anjo salvador,
És tudo o que preciso,
Consigo ver isso na tua cara,
Consigo sentir o teu brilho,
Rezo para que não deixes de brilhar

(Refrão)
Consigo sentir o teu brilho,brilho,brilho
Consigo ver o teu brilho,brilho,brilho
Consigo sentir o teu brilho,brilho,brilho
Consigo ver o teu brilho,brilho,brilho

Me acerte como um raio do sol
Atingiste-me como um raio de sol,
Quem entrou numa das minhas noites mais negras,
És o único que quero,
Acho que estou viciada no teu brilho,
Jurei que não iria cair outra vez,
Mais isto nem é cair,
A gravidade não consegue puxar-me de volta à terra.

Parece que acordei,
Todas as provas que passas-te,
Era um risco que tinha de correr,
Agora nunca mais te vou deixar.
Para onde quer que olhe,
Estou rodeada pelo teu carinho,
Consigo ver o teu brilho,
Rezo para que não deixes de brilhar
(Refrão)
Consigo sentir o teu brilho,brilho,brilho
Consigo ver o teu brilho,brilho,brilho
Consigo sentir o teu brilho,brilho,brilho
Consigo ver o teu brilho,brilho,brilho
Brilho
Brilho

Para onde quer que olhe,
Estou rodeada pelo teu carinho,
Consigo ver o teu brilho,
Sabes que és o meu anjo salvador,
És tudo o que preciso,
Consigo ver isso na tua cara,
Consigo sentir o teu brilho,
Rezo para que não deixes de brilhar

(Refrão)
Consigo sentir o teu brilho,brilho,brilho
Consigo ver o teu brilho,brilho,brilho
Consigo sentir o teu brilho,brilho,brilho
Consigo ver o teu brilho,brilho,brilho


Halo
Beyoncé
Remember those walls I built
Well baby they're tumbling down
And they didn't even put up a fight
They didn't even make a sound
I found a way to let you in
But I never really had a doubt
Standing in the light of your halo
I got my angel now

It's like I been awaking
All the rules I had you breaking
It's the risk that I'm taking
I ain't never gonna shut you out

Everywhere I'm looking now
I'm surrounded by your grace
Baby I can see your halo
You know you're my saving grace
You're everything I need and more
It's written all over your face
Baby I can feel your halo
Prey it won't fade away

I can feel your halo, halo, halo
Can see your halo, halo, halo
Can feel your halo, halo, halo
Can see your halo, halo, halo

Hit me like a ray of sun
Burn into my dark night
You're the only one that I want
And I'm addicted to your light
I swore I'd never fall again
But this don't even feel like falling
Gravity
To pull me back to the ground again

Feels like I been awaking
All the rules I had you breaking
It's the risk that I'm taking
I ain't never gonna shut you out

Everywhere I'm looking now
I'm surrounded by your grace
Baby I can see your halo
You know you're my saving grace
You're everything I need and more
It's written all over your face
Baby I can feel your halo
Prey it won't fade away

I can feel your halo, halo, halo
Can see your halo, halo, halo
Can feel your halo, halo, halo
Can see your halo, halo, halo
Can feel your halo, halo, halo
Can see your halo, halo, halo
Can feel your halo, halo, halo
Can see your halo, halo, halo
Halo, halo

Everywhere I'm looking now
I'm surrounded by your grace
Baby I can see your halo
You know you're my saving grace
You're everything I need and more
It's written all over your face
Baby I can feel your halo
Prey it won't fade away

I can feel your halo, halo, halo
Can see your halo, halo, halo
Can feel your halo, halo, halo
Can see your halo, halo, halo
Can feel your halo, halo, halo
Can see your halo, halo, halo
Can feel your halo, halo, halo
Can see your halo, halo, halo

Curso de produção textual - literatura de cordel - professor Zé Maria de Forrtaleza

Produção textual dos alunos do Curso de Literatura de Cordel
Professor Zé Maria de Fortaleza e coordenação de Maria do Socorro Nascimento... mais ou menos 2007 ou 2008?


Aprendendo a fazer fazendo

Estas estrofes foram construídas
Pelos alunos da oficina de cordel
Realizada na cidade de Piquet
Carneiro no Centro Vocacional Tecnológico
-CVT- no período de 15 a 19 de
Janeiro de 2007, ministrata pelo
Poeta Zé Maria de Fortaleza com
O apoio da Secretaria de Cultura
Do Estado do Ceará – SECULT.


Tema: Violência Urbana

Hoje a marginalidade
Gera muitos homicídios
Assaltos, brigas de gangue
Drogas e balas perdidas
Em nome da violência
Tem ceifado muitas vidas

Meus parabéns a vocês
Que de maneira fiel
Trouxeram suas mensagens
Da mente para o papel
Honrando a literatura
Denominada cordel
Zé Maria

Meninas se prostituem
Vendem o corpo por dinheiro
Na tal violência urbana
Que é o ponto primeiro
Assaltos, destruições
Assolam o país inteiro
Fátima Darnélia

Sempre nas cidades grandes
Há a violência urbana
Essa marginalidade
A ninguém mais ela engana
Seja em casa ou no trabalho
Impera essa lei insana
Albenor Araújo

Em quase toda cidade
Se vê muita confusão
Marido dando em mulher
Irmão batendo em irmão
Mas não importa quem seja
Vai parar lá na prisão
Gledson

Não gosto da violência
Principalmente a urbana
Pessoas estão morrendo
Nas mãos de ladrão sacana
Que mata gente inocente
Para roubar sua grana
Kamila Andrade

O perigo na cidade
Causa preocupação
Fica a policia a espreita
Ajudando o cidadão
O bandido nada esperto
Sempre acaba na prisão
Ângela Maria

Sei que a família sofre
Por demais nesse mundão
Os filhos enlouquecidos
Se envolvem com ladrão
Eis, a violência urbana
Estampada em cada irmão
Paulo Roberto

Eu vejo em muitos lugares
Várias preocupações
Pois até dentro de casa
Existem violações
E a violência urbana
Aumentando as dimensões
Dionathan

Como todos nós sabemos
Que a violência urbana
Tem sido preocupante
Até em Copacabana
O Brasil inteiro está
Na bandidagem sacana
Gabriela

Vi na violência urbana
Uma grande negação
Um lutando pela vida
Querendo ganhar o pão
Outros com muita maldade
Lhes partindo o coração
Holeda

Toda violência urbana
Tem seus dias de furor
E juntando a juventude
Na desordem é um desamor
Pois acabam é fazendo em vez da paz o terror
Socorro Nascimento


Homenagem a cidade de Piquet Carneiro

Piquet Carneiro é uma cidade
De pessoas eficazes
Jovens, velhos e crianças
Caminhando com a verdade
Buscando bons ideais
Pra serem todos iguais
Com amor e fraternidade

Queremos agradecer
Ao professor Zé Maria
Que veio de Fortaleza
Pra nos engrandecer
Com sua boa vontade
Conquistou nossa amizade
Pra gente foi um prazer

Sempre que quiser voltar
A nossa bela cidade
Serás sempre bem vindo
Vamos assim te lembrar
Uma alegria pra gente
Tudo será diferente
Irá alguém te esperar
Leda

Homenagem aos cursistas

Vou começar a falar
De um cara muito legal
Sem querer ser exebido...
...sou eu mesmo pessoal!
Albenor Araújo

Tendo Filho no final!


Falando em cara legal
Tem também Paulo Roberto
Um cara muito exigente
Que também é muito esperto
Se tem algo interessante
Ele está sempre por perto!

E também tem a Corrinha
Que só vive a reclamar:
-Vou parir esse menino,
Então como devagar!!
Daqui a algum tempo
Nem vai conseguir andar!

Não esqueça da Holeda!
Sempre muito atenciosa
Ela adora poesia
Cordel, poema ou prosa.
Serás uma poetiza
Pois também é corajosa!

E agora vem o Gledson
Que só vive a gargalhar
Pode ser piada ruim
Não consegue agüentar
Uma grande gargalhada
Se ouve em qualquer lugar

E tem também a Darnélia
Pois eu tenho que falar
Que um dos hobys dela
É na aula conversar
Mas às vezes ela escuta
O professor declamar!
Se tratando em conversar
Tem também a Gabriela
Se eu vejo a Darnélia
É a conversar com ela
Pra parar de conversar
Só tapar a boca dela!

E também há a Camila
Uma menina bem legal
Simpática, amiga,
E bonita por sinal.
Tem sempre um marmanjo
Babando ela, afinal!



Falando em beleza
Não podemos esquecer
De uma linda jovem
Que chegou a aparecer!
Nós a chamamos de Ângela!
Seu nome desde o nascer.

E agora vem o Dionatham
Com seu jeitão parado
Tem algumas brincadeiras
Que lhes deixam chateado
Mas depois pensa melhor
E deixa a mágoa de lado

Tem também a Micaelle
Ela adora conversar
Uma coisa que não gosta
É em público falar
Pois tem muita vergonha
De alguém dela mangar!

Agora nosso instrutor
O repente Zé Maria
Que nestes dias de curso
Nos veio encher de alegria
Essa cara até juntou
Pop Rock e Cantoria!

Eu venho logo pedir
Pra sextilha terminar
Se alguém eu esqueci
Por favor me perdoar
Pois não tenho uma memória
Muito boa de lembrar.
Araújo Filho